CARTA DO EDITOR
Flavio Gaitán
Esta primeira edição do volume 11 da revista Desenvolvimento em Debate é resultado de uma parceria acadêmica com o de Grupo de Trabalho Pobreza e Políticas Sociais do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais e aborda a proteção social no mundo pós-pandemia. As análises sobre o impacto social do COVID-19 salientam o aumento desigualdade e da pobreza na América Latina, o subcontinente mais desigual do mundo.
A magnitude da crise de múltiplas dimensões – econômica, social, sanitária – reverberou a importância do papel do Estado e dos bens públicos. De fato, a pandemia exigiu medidas de ampliação do gasto social e a adoção de políticas ad hoc. Em quase todos os países houve um vasto conjunto de intervenções com foco na regulação dos mercados, proteção dos trabalhadores formais, aumento dos recursos do sistema de saúde e transferência de renda para as classes mais vulneráveis, em particular, desempregados e informais.
A intensidade da intervenção estatal teve efeitos positivos para atenuar a crise imposta às diversas famílias. No entanto, o grau de intervenção das políticas públicas não foi suficiente para conter a proporção da calamidade. Em primeiro lugar, a pandemia evidenciou a fragmentação dos sistemas de proteção social na região, considerando que a abrangência e generosidade das intervenções se viu condicionada pelas capacidades fiscais, burocrático-administrativas e organizacionais dos Estados. Em segundo lugar, uma profunda estratificação, derivada da segmentação das respostas estatais diferenciando o público-alvo em função de sua relação com o mercado de trabalho remunerado. Em terceiro lugar, a limitação temporal. Superado o momento mais crítico da pandemia, e uma vez que avançaram os planos de vacinação e caiu o número de infectados e mortos, os países adotaram uma política de reversão do gasto social em uma lógica de desmonte de programas e políticas. A volta à normalidade levou, assim, a uma reversão na intensidade da proteção social.
Enfrentando a pandemia desde o local. A desigualdade nas condições de habitabilidade
Alicia Ziccardi
Resumo: Esse artigo analisa os efeitos no México da crise sanitária global produto do virus Covid-19, uma crise de tal intensidade que obrigou desde o início a uma mudança do modo de vida urbano e que coloca o desafio de rever o modelo ou paradigma de cidade que se desenvolveu no quadro das políticas neoliberais que se impuseram em México nas últimas três décadas, desde uma perspectiva local. Trata-se de contribuir com conhecimentos e reflexões que contribuam para o desenho de novas políticas e ações que permitam avançar para a conquista de cidades saudáveis e em escala humana, economicamente, socialmente e ambientalmente sustentáveis.
Palavras-chave:pandemia, isolamento social, habitabilidade, México.
La trampa de la integralidad: descreme sectorial y fragmentación institucional en Uruguay
Guillermo Fuentes e Carmen Midaglia
Resumen:
El objetivo de este artículo es mostrar, a través del análisis del caso uruguayo, la reproducción de la sectorialización de aquellas protecciones de carácter asistencial, consideradas de orientación integral. Simultáneamente, se discute el incremento de la estratificación del bienestar en base a la diferenciación institucional de las poblaciones beneficiarias, a partir de los encuadres institucionales públicos impulsados en el marco del proceso gerencialista de reforma de Estado: los Ministerios Sociales. Estos organismos responsables de gestionar las políticas de asistencia se constituyeron en administradores residuales de la pobreza nacional.
El argumento de este trabajo refiere a que la situación descrita es resultado de un proceso de cambios institucionales por capas, que se fueron encadenando y reforzando mutuamente, orientados por el paradigma de la Nueva Gestión Pública y el discurso que promovía la reducción del Estado y la focalización de sus intervenciones sociales. Posteriormente, el fracaso de estas políticas determinó algunas modificaciones del paradigma liberal sin revertir el “núcleo duro” relativo a las limitaciones de las intervenciones estatales en la provisión de bienes públicos. Esos cambios implicaron la instalación de nociones como la coordinación interinstitucional y la integralidad de las protecciones sociales, pero la debilidad política-institucional de estas nuevas secretarias de Estado legitimó su rol de atención subsidiaria de problemas sectoriales centrado esencialmente en las poblaciones vulnerables.
Palabras clave: Sectorialidad, Pobreza, Integralidad, Fragmentación institucional.
Género y políticas de cuidado infantil en México: el caso del Programa de Estancias Infantiles para Apoyar a Madres Trabajadoras y/o Padres Solos (2007)
Nora Nagels
Resumen: A partir de una metodología cualitativa de análisis de literatura secundaria, este articulo analiza las características de género del Programa de Estancias Infantiles para Apoyar a Madres Trabajadoras y/o Padres Solos (PEI) puesto en marcha en México en 2007. Se hace la pregunta si sus características de género son de “desengenerización” (de-degendering) o de “re-engenerización” (re-gendering) (Orloff 2017) promoviendo o no la desfamilización (ORLOFF, 1996) o “desmaternalización” (Mathieu 2016) del cuidado infantil. Se argumenta que, si el PEI tiene características de desengenerización por la promoción de la corresponsabilidad del cuidado infantil con el Estado permitiendo a las mujeres trabajar, otras características son de “re-engenerización”. La “desmaternalización” es limitada porque el servicio solo está disponible para las madres trabajadoras. Además, la baja calidad de los servicios y su cobertura limitada a las trabajadoras de bajos recursos reproducen la estratificación del régimen de bienestar basado en la dualización del mercado laboral mexicano.
Palabras claves: Género, políticas sociales, cuidado infantil, México.
COVID 19, limitaciones y retos del Sistema Público de Salud. El caso mexicano
Enrique Valencia Lomelí
Resumen: Este artículo se enfoca en el sistema público de salud en México en el contexto previo a la pandemia COVID-19. El objetivo es profundizar en algunas limitaciones estructurales de este sistema, a partir de una metodología histórica y comparativa, con un enfoque de universalidad, derecho a la salud y compromiso fiscal del Estado. Compara aspectos básicos del sistema público de salud con los de países de renta alta, agrupados en la OCDE. Ubica brechas estructurales del sistema público de salud en México. Concluye que las condiciones estructurales de este sistema, previas a la pandemia, fueron de cobertura incompleta, segmentación, desigualdad y fuerte jerarquización en conjuntos heterogéneos de servicios, debilidad financiera con un compromiso fiscal bajo y restricciones en recursos humanos e infraestructura, con fuertes brechas fiscales e institucionales con los países de renta elevada.
Palabras claves: Pandemia, Salud, Universalidad, Derechos, Gasto en Salud.
Espacio social y determinantes psicosociales de resiliencia en México
Mario Luis Fuentes
Resumen:
Este artículo propone hace un análisis de la resiliencia, pero sobre todo de sus determinantes, y en particular, en su dimensión psicosocial, considerando las implicaciones que en ello tiene el espacio social planteado por Pierre Bourdieu para describir los espacios físicos y simbólicos en los que las personas interactúan entre sí y con las instituciones. En ese sentido, la dimensión psicosocial, anclada tanto en procesos de sociabilidad como subjetividad, requieren un análisis que problematice, por un lado, el contexto macro en el que están ocurriendo a nivel global, así como las características socio económicas de las estructuras de socialización, a saber, los hogares, las escuelas y el espacio público o comunitario, en particular, aquellos en donde más desventajas se acumulan.
Palabras-Clave: Espacio social, resiliencia, hogares, escuelas, espacio público.
Construção da política de segurança alimentar e nutricional: o Plano Municipal da Cidade de São Paulo
Marcelo Mazeta Lucas, Luiz Manoel de Moraes Camargo Almeida, Vera Lucia Silveira Botta Ferrante, Daiane Roncato Cardozo e Leandro de Lima Santos
Resumo:Este artigo trata da análise do processo de construção do Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (PLAMSAN) em São Paulo, no período de 2013-2016, sob a ótica da institucionalidade, histórico e conceito, atores e arenas dos processos de discussão, identificando desafios, efetividades institucionais e organizacionais na implantação do PLAMSAN, a partir dos programas e projetos desenvolvidos. Para tanto, utilizou-se a pesquisa descritiva e exploratória junto aos atores envolvidos, por meio de entrevistas semiestruturadas com representantes do poder público e da sociedade civil. Os resultados traduzem o caminho e as etapas percorridas diante do ciclo das políticas públicas através de produtos e instituições envolvidas no processo, possibilitando assim, a sistematização dos pontos positivos e desafios na efetividade da política municipal e do PLAMSAN, corroborando para a reflexão acerca do tema e consolidação da SAN no âmbito da cidade de São Paulo e do Brasil, em universo expandido.
Palavras-chaves: Ciclo de Políticas Públicas; Histórico; Conceito e Institucionalidade da Segurança Alimentar e Nutricional; Plano Municipal.
“Buen Vivir” e “Extrativismo”: transformação produtiva no Equador durante o Governo de Rafael Correa
Alexandre Jerônimo de Freitas e Henrique Moura Ferreira
Resumo: Muitos críticos têm denominado os chamados governos progressistas de neoextrativistas. Teriam apenas reproduzido a tradicional estrutura produtiva orientada pelas atividades primário-exportadoras. Este trabalho analisará o caso do Equador durante o governo de Rafael Correa (2007-2017). O objetivo é mensurar o ritmo e a direção do processo de mudança estrutural do país, principalmente, durante o período de vigência dos planos nacionais para o Buen Vivir (2009 a 2013 e 2013 a 2017). Foi realizada uma análise setorial da manufatura através do uso da classificação por intensidade tecnológica adotada pela OCDE. Os resultados apresentam avanços significativos nos subsetores mais tecnológicos da indústria de transformação equatoriana, contradizendo o argumento de que a estrutura produtiva em nada se modificou.
Palavras-chave: Transformação Estrutural, Extrativismo, Progressismo, Equador.
A influência dos principais determinantes e da governança sobre o desmatamento na Amazônia Legal brasileira: uma abordagem por painel (2003-2020)
Ahmad Saeed Khan e Laura Costa Silva
Resumo:Nos últimos tempos aconteceram mudanças significativas na Amazônia que ocasionaram às perdas de grade extensão das áreas de florestas remanescentes. Nesse contexto, a presente pesquisa objetivou avaliar a influência dos principais fatores determinantes e gestões governamentais no combate ao desmatamento dos municípios da Amazônia Legal no período de 2003 a 2020. Para tanto, estimou-se o modelo de painel balanceado - Efeito Aleatório (EA). Os principais resultados indicaram que parcela majoritária dos municípios apresentaram até 10% de suas áreas desmatadas. Concernente aos resultados empíricos, constatou-se que a expansão da economia, da área de lavoura, da pecuária bovina e da população são fatores significantes para explicar o aumento do desmatamento. Verificou-se também que os municípios do estado do Pará apresentaram desmatamento maior que todas as sedes municipais dos estados amazônicos, com exceção do estado de Rondônia. Ademais, notou-se que foi na gestão do presidente Bolsonaro que aconteceram as maiores elevações no desflorestamento.
Palavras-chave:Modelo de painel. Desmatamento. Gestão governamental. Amazônia legal.